COSEMS/MG participa de audiência na ALMG que discute tratamento do câncer de mama em MG
         
icone transparencia cosems     icone politicas publicas     icone transparencia minas     icone projeto conasems

COSEMS/MG participa de audiência na ALMG que discute tratamento do câncer de mama em MG

on 21 Outubro, 2016

Não basta apenas diagnosticar precocemente ocâncer de mamasem que se garanta uma continuidade para o tratamento da paciente. A reflexão foi apresentada pelo presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Clécio Ênio Murta de Lucena, na audiência realizada pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nesta quinta-feira (20/10/16).

Além da descontinuidade de tratamento, outros temas também foram abordados, como a perspectiva de redução do número de mamografias realizadas no Estado em 2016, o que foi rebatido pela representante da Secretaria de Estado de Saúde.

A realização da reunião faz parte da campanha Outubro Rosa, que é um movimento internacional que busca a conscientização sobre o câncer de mama, compartilhando informações sobre fatores de risco, medidas preventivas e meios de acesso a diagnóstico e tratamento.

Clécio Lucena valorizou a importância do rastreamento mamográfico, mas reforçou que é necessário dar soluções para que a paciente tenha o acesso adequado ao tratamento. Ele lembrou que o câncer de mama, se não tratado, pode culminar na morte da paciente. Entretanto, pontuou que, ao longo desse processo, é possível diagnosticar, tratar e mudar a evolução da doença.

Nesse sentido, a mastologista Bárbara Pace Silva de Assis Carvalho disse que o câncer de mama é uma doença que tem cura em 90% dos casos, desde que diagnosticado precocemente. Ela também reforçou como fundamental o encaminhamento que deve vir após o diagnóstico, para dar o suporte médico necessário para a paciente, com biópsias, tratamentos e cirurgias.

Gastos -A importância do diagnóstico precoce também foi lembrada pela conselheira estadual de Saúde Maryane Rodrigues Ferreira, que apontou dados de um estudo sobre o quanto se gasta na quimioterapia para tratar a doença. Segundo ela, no estágio 1, são gastos cerca de R$ 11 mil por pessoa, enquanto no estágio 4 são gastos cerca de R$ 55 mil. “Por isso, temos que lutar pelo diagnóstico precoce”, defendeu.

A presidente do Grupo Pérolas de Minas, Maria Luíza Oliveira, também ratificou a necessidade de acesso facilitado a diagnóstico e tratamento do câncer de mama. Ela contou que há mulheres que, mesmo com o resultado da mamografia, ainda perdem tempo esperando encaminhamento para um centro de saúde. 

Autor do requerimento para a discussão, o deputado Antônio Jorge (PPS) lamentou os problemas ligados ao tratamento do câncer de mama, como a baixa adesão à mamografia e o fato de as pacientes muitas vezes começarem a se tratar em estágio avançado. Ele afirmou que a perspectiva é de que, neste ano, em Minas, sejam feitas 200 mil mamografias de rastreamento a menos do que em 2013, segundo dados do DataSUS.

O parlamentar declarou que o câncer de mama era quase um diagnóstico de condenação da paciente, embora não haja motivos para isso. “As intervenções que o poder público vêm buscando não visam somente às tratativas assistenciais, mas à disseminação de uma nova cultura do câncer de mama como doença tratável, desde que diagnosticado precocemente”, concluiu.

Já o deputado Arlen Santiago (PTB) pontuou a importância do programa estadual que disponibiliza mamógrafos móveis nos lugares de baixa cobertura e se mostrou preocupado com a possibilidade de queda desse serviço.

O deputado Doutor Jean Freire (PT) defendeu uma maior valorização dos hospitais do interior que são referências regionais, como uma alternativa que possa dar mais resultados no tratamento da doença.

Já o presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais, José Maurício Lima Rezende, destacou que atualmente, os municípios estão investindo entre 25% a 27% do orçamento municipal em saúde, o que dificulta ainda mais a execução das políticas de prevenção e tratamento do câncer de mama por não ser suficiente, já que o estado não está investindo o mínimo constitucional (12%) na saúde em Minas Gerais.

Para o secretário municipal de saúde de Padre Paraíso, Saulo Aparecido de Oliveira Pinto, não adianta apenas discutir os problemas e acusar os culpados, mas encontrar soluções para resolver os gargalos da saúde no Estado, já que no final, quem sofre é a população 100% SUS dependente.

Ao falar sobre o programa de prevenção do câncer de mama, a diretora de Redes Assistenciais da Secretaria de Estado de Saúde, Márcia Dayrell, não reconheceu as informações do deputado Antônio Jorge de que em 2016 haveria uma redução de 200 mil mamografias, uma vez que segundo ela, os dados deste ano ainda estão subnotificados.

Ela ainda informou que em 2013 foram gastos R$ 16 milhões com as mamografias para mulheres dentro da faixa etária recomendada pelo Ministério da Saúde, entre 50 e 69 anos. Em 2015, esse número passou para R$ 17 milhões, o que aponta, na sua avaliação, para uma estabilidade nas mamografias realizadas.

Márcia Dayrell esclareceu que houve uma redução das mamografias realizadas em mulheres fora dessa faixa etária. Isso porque, em 2013, mais de 53% das mamografias feitas em Minas eram em mulheres fora dessa recomendação. 

Sobre os mamógrafos móveis, ela explicou que o programa vai se restringir aos municípios de baixa densidade populacional, atendendo às mulheres que ficam a mais de 50 km de distância de um serviço de mamografia. Já sobre os incentivos financeiros aos hospitais para tratar pacientes com a doença, Márcia declarou que só serão feitos com a devida comprovação de realização do procedimento.

Informações: ALMG